O vidro é uma substância sólida e amorfa que apresenta temperatura de transição vítrea (isto é, temperatura que limita os comportamentos sólido e líquido em sólidos amorfos). Em linguagem corrente, a palavra "vidro" se refere a um material cerâmico transparente, geralmente obtido com o arrefecimento de uma massa líquida à base de sílica.

No seu estado puro, o vidro é um óxido metálico super-arrefecido transparente, de elevada dureza, essencialmente inerte e biologicamente inactivo, que pode ser produzido com superfícies muito lisas e impermeáveis.

Apesar de, na sua essência, ser um material frágil, vários processos industriais altamente especializados fazem do vidro um material muito resistente para uma infinidade de aplicações na indústria da construção civil.

Certos autores classificam o vidro como um sólido amorfo, ou seja, sem estrutura cristalina. Porém, o vidro apresenta características comuns às substâncias líquidas na sua ordenação atómica, mesmo à temperatura ambiente, na qual possui aparência de sólido, por se tratar de uma substância de alta viscosidade.

O vidro comum é obtido por fusão (a uma temperatura à volta de 1.250 ºC) dos seguintes componentes:

• Dióxido de silício (SiO₂)
• Carbonato de sódio (Na₂CO₃)
• Carbonato de cálcio (CaCO₃)

A manipulação do vidro só é possível enquanto este estiver fundido, quente e maleável.

De um modo geral, as principais características do vidro são:

• Reciclabilidade
• Transparência (isto é, permeabilidade à luz)
• Rigidez
• Não absorvência (isto é, impermeabilidade aos fluídos)
• Óptimo isolamento eléctrico
• Baixa condutividade térmica
• Abundância de matérias-primas na Natureza
• Durabilidade

Foi apenas no século XVIII que se estabeleceu em Portugal a indústria vidreira, na cidade da Marinha Grande, onde ainda hoje se mantém. Antes disso, há notícia, desde o século XV, da existência de alguns produtores artesanais de vidro.

O vidro era obtido através da incineração de produtos naturais com carbonato de sódio. Existiram diversos fornos para a produção vidreira em Portugal, mas a passagem de uma produção artesanal, muito limitada, para a produção industrial foi lenta.

Em meados do século XVIII, a abundância de matérias primas e de combustíveis (lenha proveniente do Pinhal de Leiria) beneficiaram a implantação da indústria vidreira na região da Marinha Grande. Em 1769, o inglês Guilherme Stephens beneficiou da importante protecção do Marquês de Pombal (subsídios, aproveitamento gratuito das lenhas do pinhal do Rei, isenções, etc.) e estabeleceu-se naquela cidade. A Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande desenvolveu-se a tal ponto que Portugal foi, logo após a Inglaterra, o primeiro país do mundo a fabricar vidro.

O vidro é um material cujo tempo de permanência no meio ambiente sem se degradar ainda não pôde ser determinado. Contudo, o vidro é uma matéria que não é directamente nociva para o meio ambiente. Além disso, trata-se de um produto 100% reciclável, razão pela qual os consumidores comprometidos com a protecção da Natureza optam por produtos e soluções baseadas em vidro.

Durante a produção do vidro, a poluição atmosférica também não é um problema, visto que a maioria dos fornos funcionam com energia eléctrica. Para minimizar as emissões dos fornos a gás, as indústrias vidreiras tendem a utilizar gás natural, que provoca um menor impacto no meio ambiente.

As matérias-primas constituintes do vidro são os vitrificantes, fundentes e estabilizantes.

Os vitrificantes são usados para dar maior característica à massa vidrosa e são compostos por:

• Anidrido sílico
  
• Anidrido bórico
  
• Anidrido fosfórico
  

Os fundentes são usados para facilitar a fusão da massa silícea, e são compostos por:

• Óxido de sódio
  
• Óxido de potássio
  

Os estabilizantes são usados para impedir que o vidro composto de silício e álcalis seja solúvel, e são compostos por:

• Óxido de cálcio
  
• Óxido de magnésio
  
• Óxido de zinco
  

A sílica, matéria prima essencial para a produção do vidro, apresenta-se sob a forma de areia de pedra cinzenta, e pode ser encontrado no leito dos rios e das pedreiras.

Depois da extração das pedras, da areia e moenda do quartzo, procede-se à lavagem para se eliminar as substâncias argilosas e orgânicas; depois, o material é posto em grandes recipientes de matéria refratária, para ser fundido.

A mistura vitrificável alcança o estado líquido a uma temperatura de cerca de 1.300 °C. Nesse estado, as substâncias não solúveis surgem à tona do líquido e são retiradas. Depois da afinação, a massa passa ao processo de repouso ou de assentamento, até que a sua temperatura desça até aos 800 °C, altura em que a massa vítrea será talhada.

Fonte: Wikipédia, a Enciclopédia Livre
URL: pt.wikipedia.org/wiki/Vidro
Consultado no dia 14 de Julho de 2010